A generalização é sempre
perigosa.
Se pudéssemos generalizar, afirmando que toda a classe política é corrupta,
poder-se-ia dizer também que todos os eleitores são burros, pois são eles quem
elegem os primeiros.
Mais eficiente e inteligente do que simplesmente se abster do processo político
(no que concordo estar bastantemente contaminado pelo vírus da corrupção) é
procurar entendê-lo e fazer a nossa parte naquilo que nos cabe, que é
conscientizarmo-nos das suas mazelas e procurar disseminar esse conhecimento e
o consequente interesse dos que nos cercam.
Sobre isso, vale citar Bertold Brecht:
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"O Analfabeto Político
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem
participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço
do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem
das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e
estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua
ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos
os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das
empresas nacionais e multinacionais."
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O maior problema de nossa região - reporto-me ao sul do Estado do Espírito
Santo, em especial à região do antigo Baixo Itapemirim - é cultural. Venho
falando disso já há algum tempo, estando isso no bojo do livro que escrevi
acerca da História de Marataízes.
Por conta disso, não reputo aos eleitores as mazelas da política local, que
ainda sente os efeitos do coronelismo secular que dominou o cenário político
desde a época do Império.
Mudar esse cenário é um processo lento e que não se resolve com a abstenção de
quem tem capacidade para exigir de quem governa ações em prol efetivamente da
coletividade e que também tem o poder de disseminar a cultura de saber ser
cidadão no que tange a direitos e obrigações.
Mais do que simplesmente reclamar e/ou se abster, o melhor a fazer é
internalizar o papel de cidadão e fazer também a sua parte.