terça-feira, 5 de março de 2013

Paradoxos Atemporais



Meu oceano já foi mais amplo

O horizonte era bem mais distante

Ora mar revolto, ora calmaria

Os dias eram preenchidos, curtos

Meu relógio hoje está louco

Há nisso um paradoxo estranho

O tempo vem passando muito rápido

No calendário a folha dos anos pula

E os dias correm lentos, modorrentos

Antes dias desejados, hoje só por eles passo

A calmaria dos dias de hoje me é mau presságio

Caia logo tempestade

Interiormente Falando


Não gosto mais de cidade grande

O giro alto não é mais para mim

Trânsito caótico, gente impaciente, mau humorada

Abandonei esse (mau) hábito há alguns anos

Já curti bastante viver na selva de pedra

Hoje o mato, a tranquilidade me seduzem mais

Nada de buzinas, daquele corre-corre frenético

Formigueiro de gente sem motivo e razão

Dirijo hoje com calma, com tempo até de meditar

Mudança mais do que sadia de hábitos

Inversão total de valores antes em alta

Viva o simples, viva o giro baixo

O verde é mais bonito que o cinza

Loucuras Sãs



Loucuras por vezes são bem vindas

Refrescam a mente, renovam o corpo

Felizes os que se permitem enlouquecer

Por um instante apenas se permitirem

Viver todo o tempo são deve ser muito chato

A vida é por demais singela para prisões

Cárceres emocionais por vezes voluntários

Pobres pessoas sãs que não se permitem

Podem me chamar de louco o quanto quiserem

Minha loucura sazonal é meu linimento

Bálsamo para meu espírito e alma inquietos

Vida longa aos que me entendem

Ou não...


Instantes Desconexos



A luta e a labuta diária anestesiam

Transportam para recônditos da mente

Alegrias, prazeres, que passam ao esquecimento

Dias, anos, uma ou duas décadas sobrevivendo

Razões distantes da fome e sede da alma

Atendendo à necessidades diuturnas prementes

Felizes os que se desconectam, se desamarram

Irrompem um horizonte amplo que liberta

Quiçá algum dia eu possa bradar com força

"Liberdade para minha alma irriquieta!"

Livrar-me dos grilhões que vivem a sufocar-me

Liberdade para a vida e o viver livre

É só o que almejo...