terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Som do Silêncio


Quando não se quer ouvir, nada do que se diga faz diferença. 
Por vezes é até pior; tudo que se diz chega com uma conotação que não tem e que apenas nós a damos.
É como se falássemos em inglês e o interlocutor ouvisse em japonês. 
O amor, o calor, o acalento, o carinho, a certeza e a esperança dão lugar ao medo, à insegurança, à incredulidade, à intolerância, à sensação de solidão e de desamparo. 
Sonhos se despedaçam, os sons se distorcem, a vista embaça. E nada mais parece ter colorido.
Quando se esquece do colorido das outras coisas e fixa-se no cinza e nas cinzas, as palavras sobram e não mais têm serventia; falar já não serve de mais nada quando não se quer ouvir.
Há hora de falar e há hora de calar.
Diante da minha impotência, é chegada a hora de calar.
Recolho-me a mim mesmo.
Só anseio para não acordares demasiado tarde.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Que amor?



Não quero falar de amor
Amor que se sabe infinito
Que se sente, se sonha
Faz-nos levitar

Quero meus pés no chão
Espírito sereno
Sem sustos
Passos firmes

Não vou mais falar de amor
Deixo-o para os poetas
Os verdadeiros
Escrevo apenas pela dor

Falo dele por angústia
Por não me fazer entender
Por ver meu espelho
Refletir dor, solidão

Sonhava com o dia
Que apenas meus olhos
Bastassem para mostrar
O quanto amo

Vejo que ele não chega
Sigo então trôpego, absorto
Em pensamentos tristes
Vagando só, sem rumo

Uma gota, um balde
Um lago, um oceano
Não importa o tanto
Não importa o fato

Vemos o que queremos
Sofremos em demasia
Na maior parte das vezes
Sem razão, sem noção

Não falo mais dele
Dói-me na alma
Vê-lo despedaçado
O caminho é único

Sempre tive certeza
De um lugar guardado
Firme, reto, abençoado
Pensava em ti ao meu lado

Deixo de falar de amor
Falem dele os poetas
Vidas livres, incertas
É só o que me resta