segunda-feira, 21 de março de 2011

Planador - O Vôo Mágico

Há momentos em nossas vidas que são mágicos, que ficam gravados em nossa mente e é até difícil de descrevê-los. 
O domingo do dia 20 de março de 2011 foi um deles... meu amigo Marcelo Vianna, companheiro de trilhas de jipe e de vários outros momentos bons desde 1999 em Brasília, havia me convidado na sexta-feira que antecedeu esse domingo para fazer um vôo de planador, ou um "vôo a vela", como os aficcionados gostam de falar.
Marcelo passou na minha casa por volta das nove horas da manhã do domingo, com destino ao Aeroclube do Planalto Central, em Formosa-GO, distante oitenta quilômetros de Brasília, onde ele tem dois planadores em sociedade com amigos.
O tempo estava meio nublado, mas ele disse que daria para voar. Chegamos em Formosa por volta das dez horas e o tempo estava muito esquisito. Nuvens de chuva pesadas, já com precipitações ao norte, ao sul, a oeste e a leste, só com uma janela de tempo razoável em cima do aeroclube, único local onde não caiu uma gota d'água.
Resolvemos esperar para ver se esse mau tempo que nos circundava iria se dissipar e aproveitamos para fazer uma manutenção no planador monoposto, que não iria voar naquele dia. Aproveitei para ter uma aula teórica fantástica de vôo a vela com Marcelo, Rebelo e o André "Roubada", que pilota o avião rebocador.
Falando no André, quando eu soube o apelido dele, fiquei meio apreensivo de voar, afinal qualquer pessoa com um pouco de sanidade mental ficaria mesmo meio cabreiro ao saber que o piloto que rebocará o planador onde estaria dentro tem um apelido desses. Só depois fiquei sabendo a razão do apelido, que tem a ver com uma mania que ele tinha de usar muito esse termo em instruções. E apelido quando pega, já era. Ainda bem que não tinha nada a ver com alguma roubada que ele tivesse entrado voando. E o cara é bom no manche.
O tempo abriu por volta das três horas da tarde e resolvemos fazer os vôos. Fui com o "Roubada" fazer o primeiro vôo do dia com o Aero Boero (o rebocador), para checagem do aparelho, para conferir se estava tudo certo para iniciar os vôos. Marcelo pegou o planador de vôo em dupla do aeroclube e levou-o para a pista.
A corda que é usada para rebocar o planador é uma que se usa em rapel, fina nada exagerada. Confesso que fiquei meio receoso dela se partir na decolagem, mas me garantiram que o ideal é que ela seja mais fina mesmo, como se fosse um fusível de segurança, para permitir que se parta em situações de emergência. Aliás, emergência é uma palavra que dá arrepios quando se fala dela em aviação, mas como sou movido a adrenalina, abstraio dela, focando nos procedimentos de segurança antes e durante o vôo.
O Rebelo fez dois vôos duplos antes de mim e do Marcelo. Iniciamos nosso vôo às quatro e vinte da tarde, com várias nuvens baixas à nossa volta, o que dava um visual fantástico, pois é raro voar de planador com nuvens abaixo dele.
O Aero Boero, mesmo com seu motor de 180 hp, urrava para tentar nos levar a dois mil pés, cerca de seiscentos metros de altitude, onde desacoplaríamos e iniciaríamos o vôo sem motor, só ouvindo o barulho do vento. Os dois (piloto e aluno) que fizeram o vôo imediatamente anterior ao nosso eram visivelmente menores e mais leves que a gente e notei bem a diferença do tempo e do esforço que o Aero Boero fez conosco para nos levar àquela altiude.
Ao desacoplarmos, imediatamente tivemos uma vista deslumbrante, de uma janelinha de chuva a leste, com um arco-íris descendo até o solo, Tiramos várias fotos, mas a melhor delas foi tirada pelo "Roubada", na primeira curva que fez, passando abaixo da gente logo depois que desacoplamos.
O vôo todo, desde o reboque até aterrisarmos, durou vinte e oito minutos, e posso afirmar que foi um dos melhores momentos que vivi, juntando a sensação de voar sem motor, só ouvindo o barulho do vento, com as nuvens ao nosso redor, com o planador literalmente lambendo-as, já que, ao descermos, vimos suas asas molhadas delas.
Já voei de ultraleve, mas voar de planador é inigualável. A suavidade do vôo, a estratégia e a técnica para não perder o momento correto de aterrissar, pois não se tem outra chance, não dando para arremeter numa aproximação de pista mal executada, são únicas. 
Posso afirmar mesmo que foi um dos meus melhores dias em toda a minha vida. As fotos tiradas, em especial a tirada pelo "Roubada" do nosso planador e do arco-íris faz-nos ter certeza de que Deus existe. Olhem a foto e vejam se não tenho razão.
Se eu já tinha o vírus do vôo no meu corpo, com esse vôo à vela meu corpo inteiro foi infectado por ele agora.
Vindo a Brasília de novo, certamente repetirei isso. Obrigado, Marcelo, por me proporcionar esses belos momentos.
Namastê!

3 comentários:

  1. Ronald, só faltou corrigir o ano. 2003??? piorou o cabação?
    o võo foi ontem!!!!

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  2. Já tá corrigido, Marcelo. Não sei de onde tirei aquele ano. rsrs

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  3. onde se lê "cabação" leia-se "cabeção", por favor. rsrsrs

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